ana bolena
a rainha decapitada
Ana Bolena (Anne Boleyn, em inglês) é uma das figuras femininas mais importantes da história da realeza inglesa. Conhecida pela beleza e poder de sedução, ela era mais que isso: inteligente, tornou-se uma integrante influente e com poder de decisão nos assuntos da corte.
O casamento com Henrique VIII gerou muita polêmica e trouxe consequências permanentes para a Inglaterra, tanto do ponto de vista político como religioso.

Ana Bolena
Ana Bolena – origem e educação
A primeira curiosidade em relação a Ana Bolena é que sabe-se que era filha do Sir Thomas Boleyn e Elizabeth Howard, mas a data exata do seu nascimento não é conhecida. Calcula-se que ela nasceu entre 1501 e 1507.
Ela teve uma educação refinada, já que o pai era o diplomata predileto de Henrique VIII. Essa educação incluiu os períodos que passou em duas das cortes de maior prestígio no continente europeu: da Holanda e da França. Nesta última, ela foi Dama de Companhia da Rainha Cláudia.
Depois da França, retornou para a Inglaterra, em 1522. A irmã mais velha, Maria Bolena, havia sido amante de Henrique VIII e, em 1524, o rei queria que ela também ocupasse a mesma posição. Ana Bolena não aceitou o papel de amante. O que ninguém podia imaginar era o quanto essa decisão mudaria os destinos do país.
A Inglaterra era um país católico e Henrique VIII acreditava que seria capaz de convencer o Papa Clemente VII a anular o primeiro casamento, com Catarina de Aragão, e permitir a união com Ana Bolena. Embora ele tenha colocado todo o seu arsenal diplomático a serviço dessa missão, o Papa não cedeu.
O primeiro a pagar pela decisão da Igreja Católica foi o Cardeal Wolsey. Até então, homem forte da corte, perdeu prestígio e poder. Mas a maior consequência seria a decisão de Henrique VIII de criar a Igreja Anglicana e separar a Inglaterra de Roma. A partir dali, a rivalidade entre católicos e protestantes tomariam o centro das disputas pelo poder.

Henrique VIII
Beleza, estilo, elegância
Ana Bolena não conquistou Henrique VIII por acaso. A educação adquirida nas cortes da Holanda e da França, em especial, a distinguia. Ela falava francês fluentemente, tocava diversos instrumentos, cantava, dançava. Tudo isso, associado à uma inteligência perspicaz, a tornavam uma mulher extremamente sedutora e poderosa, que desempenhou importantes funções governamentais.
Com o fim do primeiro casamento, o rei também retirou o título de rainha consorte de Catarina de Aragão. No dia 1 de junho de 1533, Ana Bolena foi coroada Rainha Consorte, com toda a pompa e cerimônia, na Abadia de Westminster.
Ela foi a última esposa de um rei da Inglaterra a ter uma cerimônia de coroação sem a presença do marido. A coroa escolhida para a cerimônia foi a de St Edward, a mesma que, até os dias de hoje, é colocada sobre a cabeça dos monarcas durante a coroação. Até então, só havia sido usada uma vez.
Uma das suas grandes virtudes eram os dotes diplomáticos. Muitos embaixadores se dirigiam diretamente a Ana Bolena para encaminhar petições ao rei. Thomas Cromwell, que era o braço direito do rei, por exemplo, tornou-se um dos seus aliados. Mais tarde, no entanto, ele seria encarregado de construir o processo que a levaria à prisão e à morte.

St Edward’s Crown
Ana Bolena e obsessão do rei por um filho homem
Não ter tido um filho do sexo masculino foi crucial para o fim do primeiro casamento de Henrique VIII. Um herdeiro do sexo masculino seria uma garantia da continuidade dos Tudor no poder. Essa obsessão acabaria afetando também o casamento com Ana Bolena, que engravidou e deu à luz uma menina Elizabeth.
O nascimento de mais uma filha foi um grande desapontamento para Henrique VIII. O medo de Ana Bolena era que Mary, filha do primeiro casamento do rei, acabasse como herdeira do trono. Por isso, convenceu o marido a demonstrar a preferência por Elizabeth oferecendo-lhe todas as regalias possíveis.
O casamento sobreviveu a um aborto de Ana Bolena, em 1534, mas isso despertou no rei o desejo de pôr um ponto final no casamento Com um segundo aborto, em janeiro de 1536, o fim do casamento era uma só uma questão de tempo.
A ironia é que o feto de 3 meses era de um menino, o que poderia ter salvo o casamento e a vida de Ana Bolena. Henrique VIII já havia posto os olhos em Jane Seymour, que viria a ser a sua terceira esposa. Mais: ela lhe daria o tão sonhado filho homem.

Elizabeth I – Queen’s House – Londres
Traição, incesto, condenação e morte
Os boatos de que Ana mantinha casos fora do casamento já corriam os 4 cantos da corte e chegaram aos ouvidos do rei. Inicialmente, ele preferiu não acreditar, mas com o tempo a percepção de que estava sendo traído tomou corpo.
Por outro lado, poderosa e independente, ela havia feitos muitos desafetos dentro dos círculo de poder. Muitos a viam apenas como uma prostituta de luxo. Henrique VIII ordenou a Thomas Cromwell a abertura de um processo para investigar a esposa.
Foram vários os suspeitos presos e interrogados. Alguns, por pertencerem a famílias influentes, eram interrogados e liberados, mas outros chegaram a sofrer prisão e tortura. Um músico da corte, Mark Smeaton, confessou ser amante de Ana Bolena.
Ela também foi acusada de manter relações incestuosas com o irmão, George Boleyn. O irmão e outros acusados foram executados no dia 17 de março de 1536. O destino dela estava selado. Presa na Torre de Londres, ela foi julgada e condenada à morte. Inicialmente, seria queimada, mas a pena foi convertida para decapitação. Para abreviar o sofrimento, Henrique VIII mandou trazer um especialista da França.
Últimas palavras de Ana Bolena
Ao contrário da data de nascimento, o dia da morte de Ana Bolena não se perdeu na história: em 19 de maio de 1536, uma sexta-feira, ela subiu o cadafalso para ser executada. Altiva, mas sem demonstrar qualquer ressentimento, dirigiu as últimas palavras ao povo que aguardava a hora da execução. Estas foram as suas últimas palavras:
“Bom povo cristão, eu venho aqui para morrer, pois de acordo com a lei, e pela lei, eu fui julgada culpada. Por isso, não falarei nada contra a lei. Não vou acusar ninguém, nem falar sobre o que sou acusada e, consequentemente, condenada à morte.
Peço a Deus que salve o rei e que o reinado dele sobre vocês seja longo, pois nunca houve um príncipe tão delicado e misericordioso quanto ele. Para mim, sempre foi um bom senhor, gentil e soberano. E se alguém se intrometer com a minha causa, peço que a julgue com cuidado. Eu me despeço deste mundo e de todos vocês. Sinceramente, peço que todos orem por mim. Ó Senhor, tenha misericórdia de mim! A Deus, eu entrego a minha alma.”