ana maria machado
vivência literária
Ana Maria Machado é um dos grandes nomes da literatura brasileira.
Ela, pode-se dizer, nasceu para escrever. O ambiente em Santa Teresa, Rio de Janeiro, onde nasceu, favorecia: o pai era jornalista e a mãe trabalhava na Biblioteca Nacional. Mesmo assim, ela tentou escapar: no primeiro vestibular que fez, a ideia era evitar matemática e latim.
Não teve jeito: acabou fazendo outro vestibular para estudar Letras Neolatinas. Para a nossa sorte, uma temporada dela em Londres tornou possível um encontro para saber mais dessa grande autora brasileira.

Ana Maria Machado
Descubra mais:
A escritora brasileira Nara Vidal e o seu primeiro romance, Sorte.
Ana Maria Machado – literatura como vocação
Não demorou muito para que Ana Maria Machado descobrisse que a literatura era o seu destino. O gosto pela leitura e pela escrita andavam juntos. Logo, os textos dela começariam a aparecer em jornais.
A versatilidade fez com que, além de escrever para adultos, se tornasse uma das mais importantes autoras brasileiras de literatura infantil. São mais de 100 livros publicados e mais de 20 milhões de cópias vendidas em diversos idiomas. A concorrer com o número de livros publicados, só a lista de prêmios recebidos.

Ana Maria Machado e Nara Vidal
Obra reconhecida pelo leitor e pela crítica
Além do Hans Christian Andersen Award, uma espécie de Nobel da literatura infantil, que ela recebeu em 2000, também ganhou o Prêmio Jabuti em 3 ocasiões. Mas foi o Prêmio Machado de Assis, o mais importante da literatura brasileira, que abriu caminho para que, em 2003, ela fosse eleita para a Academia Brasileira de Letras, promotora do prêmio.
O discurso proferida ao receber o prêmio, como ela afirma em nosso vídeo, tornou o caminho mais natural. Ocupando a cadeira número 1, oito anos mais tarde, ela se tornaria a segunda mulher a ocupar a cadeira de Presidente da Academia Brasileira de Letras. Não é pouco, afinal, a academia foi fundada em 1897.

Ana Maria Machado – Clube dos Tradutores
Rio de Janeiro, Nova Iorque, Paris, Londres
Outro aspecto que chama atenção na longa carreira de escritora é a experiência internacional. A primeira vez que saiu para viver fora do Brasil foi durante o exílio do pai, no período da ditadura Vargas. Isso, antes dos 4 anos de idade. Mais tarde, depois de estudar no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ela foi viver em Nova Iorque, onde estudou no MoMa. Pintora, então, participou de exposições individuais e coletivas
Em 1970, já reconhecida como grande escritora, saiu do Brasil. como exilada. Ana Maria Machado havia se tornado uma das vozes da resistência contra o regime militar, instaurado em 1964. O primeiro destino foi Paris, onde ela fez o doutorado em Linguística e Semiologia, sob orientação de Roland Barthes. Também trabalhou como jornalista, antes da mudança para Londres. Na capital inglesa, ela trabalho na BBC, enquanto o marido exercia a medicina.

Ana Maria Machado
A experiência londrina, como ela relata, acabou em paixão pela cidade. Os laços são definitivos, pois também é lugar onde um dos seus filhos nasceu. É uma cidade que, segundo ela, concilia natureza e cultura, segurança e liberdade e que cuja diversidade, ensina a lição do respeito e da convivência entre os diferentes.

Ana Claudia Suriani – em pé.
Ana Maria Machado no Clube dos Tradutores
A oportunidade de entrevistar Ana Maria Machado surgiu através da professora Ana Claudia Suriani, professora da UCL – London’s Global University. Junto com a escritora Nara Vidal, ela criou o Clube dos Tradutores. Lá, eles têm trabalhado na tradução de um dos contos da Ana Maria e, quando pode, a própria autora participa dos encontros. A estadia em Londres também inclui a participação dela na Feira do Livro de Bolonha, da qual participa anualmente.

Clube dos Tradutores
Um dos aspectos relevantes da presença de uma escritora do porte de Ana Maria Machado no Clube dos Tradutores é a facilidade que ela tem para interagir com os jovens. Tudo bem que possa parecer natural para uma escritora amada pelos jovens e crianças, mas não é só isso.
Quando foi Presidente da Academia Brasileira de Letras, um dos seus maiores interesses foi a promoção do acesso a livros nas comunidades mais carentes do Rio de Janeiro. Afinal, parte da missão nobre do grande escritor é a formação de grandes leitores. Esse encontro é o que torna a boa literatura possível.