o cinema e o brasil
de ben holman
Nascido em Manchester, Ben Holman cresceu em Londres e viveu 12 anos no Brasil.
Foi na capital inglesa que nasceu o desejo de conhecer o Brasil. Um tio dele era proprietário de um restaurante espanhol, em Camden Town, onde ele tinha contato com a cultura latino-americana. Os brasileiros, em particular, tocavam a imaginação de Benjamin Holman. Havia algo de especial no jeito como os brasileiros se referiam à terra natal e ele decidiu conferir isso pessoalmente.

Frame do Documentário Bam Bam Bam – Direção: Ben Holman
Descubra mais:
Um britânico revela a identidade brasileira através da fotografia.
12 anos de Brasil e um sotaque carioca
Ben Holman fez a primeira viagem ao Brasil no ano 2000. O destino foi o Rio de Janeiro, durante o período de réveillon. Mas pelo português que beira a perfeição, emoldurado pelo sotaque carioca, você logo percebe que a relação com o país não parou por aí. Ele voltaria com o objetivo de viver no Brasil. Mais que viver, ele fez uma imersão na cultura do nosso país.

Cartaz do Documentário The Good Fight – A Vida é Uma Luta
O mergulho aconteceu através das relações que ele criou, principalmente dentro das comunidades na periferia da cidade. A partir de um amigo, fundador do projeto Luta Pela Paz, que usa as artes marciais na educação de jovens, no Complexo da Maré, ele estabeleceu os primeiros contatos locais.
Como ele mesmo afirma: sentiu-se em casa, abraçado. E aí você começa a entender porque ele passou 12 anos no Brasil, onde também construiu uma carreira como cineasta.

Elz aSoares – Frame do Filme Bam Bam Bam
Ben Homan – o cineasta
Ben Holman começou a se interessar pelo cinema nos anos 80, através dos videoclips. A linguagem do videoclip era perfeita: juntava cinema e a paixão que ele tinha pela música. No Brasil, ele teve a oportunidade de trabalhar ao lado de alguns dos grandes nomes da música brasileira. Elza Soares, a quem ele dedica o trono de rainha da música brasileira, mas também Seu Jorge, Ed Mota, Arlindo Cruz, Marcos Valle, entre outros.

Frame de The Good Fight – A Vida é Uma Luta
A vida no Brasil acabaria proporcionando a Ben Holman a oportunidade de fazer um documentário que seria um marco na carreira do cineasta. O amigo Alan Duarte, criador do Projeto Abraço Campeão, que funciona no Morro do Alemão, pediu a ele um vídeo curto, coisa de um minuto, para colocar no Youtube. O que eles não imaginavam é que ali começava a nascer um documentário campeão.
O que era para ser um vídeo de um minuto, acabou em um documentário de 16 minutos. Realizado com poucos recursos, Ben Holman inscreveu o curta-documentário, que contava a história de vida de Alan Duarte, em alguns festivais, entre eles o Tribeca, um dos mais importantes do circuito internacional.
Como você pode ver na imagem acima, The Good Fight – A Vida é Uma Luta, ganhou na categoria melhor curta-documentário de 2017. Melhor ainda: a vitória significou muito para o Abraço Campeão. Com a repercussão do filme, mais patrocinadores ajudaram a expandir o alcance do trabalho realizado por Alan, que hoje atende 250 jovens e crianças.

The Good Fight – A vida é uma luta
Uma das características do trabalho de Ben Holman é que ele faz cinema sobre as coisas pelas quais tem paixão. E uma das paixões dele é usar o cinema para ajudar a quebrar estereótipos. Isso é Bate Bola, o mais recente documentário que ele realizou no Brasil é um exemplo nesta linha.

Frame do documentário Isso é Bate Bola
Parte da tradição do carnaval carioca, o Bate Bola se caracteriza pelo colorido das fantasias e pelas expressões assustadoras das máscaras usadas pelos bate-bolas. Há controvérsias quanto à sua origem, mas alguns acreditam que o uso das máscaras era uma forma que os escravos encontraram para brincar livremente, sem serem identificados. Com documentário, Ben Holman quer mostrar a beleza de uma tradição que é marginalizada pelos próprios brasileiros.

Frame do documentário Isso é Bate Bola
Neste momento em que o brasileiro, de uma forma geral, encontra com a auto-estima tão em baixa, ouvir Ben Holman é um alento e uma esperança. O Brasil pelo qual ele se apaixonou, cheio de criatividade e alegria, uma impressionante capacidade de transformar a dificuldade em oportunidade, deu lugar a um país dividido e que olha o futuro de forma sombria.
Com um filho, fruto do casamento com uma brasileira, o novo cenário brasileiro fez com que ele voltasse para Londres. Mas os 12 anos vividos no Brasil, com uma família metade brasileira e metade inglesa, eternizaram os laços com o país. Por isso, fica a esperança de que o brasileiro consiga resgatar o que temos de mais rico. O que Ben Holman define como “precioso”: a nossa magia.