casa battló, de antoni gaudi
memórias de barcelona
Lá se vão mais de 20 anos desde a primeira vez em que estive em Barcelona. Daqueles 4 dias, algumas coisas ficaram para sempre na minha memória: o prestígio de Romário, sentido na pele quando um garotinho começou a gritar, para o pai, apontando pra mim: “Romário, Romário”.
Foi naquela viagem que, pela primeira vez, em minha vida adulta, entrei em uma barbearia e pedi para passasse um máquina um. Não lembro se foi antes ou depois do episódio do garotinho.
Uma casa fora do meu roteiro
Na minha lista de lugares para visitar na capital catalã, estavam duas obras do consagrado arquiteto Antoni Gaudí, nascido em Reus, em 1852. Encabeçando a lista estava a inacabada Sagrada Família e, em seguida, o Parque Guell.
Nem passou pela minha cabeça visitar alguns dos pontos turísticos da cidade. Voltei muitas vezes a Barcelona, principalmente durante o tempo em que morei em Portugal, mas era uma época em que eu ia à cidade mais para aproveitar a noite que fazer turismo de cartão postal. Visita a Casa Battló, não estava no roteiro do baladeiro.
Falha corrigida
Só em 2011 o erro seria corrigido. O Canal Londres foi a Barcelona para produzir alguns vídeos e eu seria o responsável pela apresentação de um deles. É algo que, quem nos acompanha sabe que, de vez em quando eu faço: dar uma visão superficial, de primeiro olhar, de turista mesmo.
A ideia era incluir a Casa Battló e o Parque Guell dentro do mesmo vídeo. Começamos pela primeira. De fora, que eu já conhecia, já impressiona, mas foi quando eu passei da recepção que a pergunta inevitável cruzou a cabeça: “como eu fui demorar tanto para vir aqui?”
Bem, o choque da pergunta, com tom de exclamação, só fez com que eu saboreasse ainda mais aquela visita. Em um mundo onde, em geral, vivemos e trabalhamos em espaços ditados por retas, aquele mundo curvo me acolheu com se fosse um ventre. Aí, começava a entender a concepção daquela obra única: é um projeto é inspirado no mundo imaginativo de Júlio Verne. Uma viagem a um mundo submarino.
Escadas, quinas, paredes, tetos, janelas, obedecem as linhas da anatomia animal. Cada espaço envolve com o conforto do interior de um grande ventre materno. Ali, até a luz parece que se curva. As cores são como tapetes por onde caminha o olhar.
Agora, em 2015, olhando para 2011, uma certeza ficou daquela visita: a Casa Battló ganhou um espaço, ocupado pelo inesquecível, em uma das curvas da minha memória. Mas você também pode vê-la por dentro, sem sair de casa: basta clicar aqui.
Silvino Ferreira Jr – Editor do Canal Londres