primeiro dia do terceiro mês
dia 61
Depois da marca dos 60 dias ter sido alcançada, nos sentimos como alpinista que, depois de alcançar o pico da montanha, olha ao redor, procurando pelo desafio seguinte. Pois é, começamos a subir outra montanha. E começamos sob o olhar, lá do alto, de Fantasia, o bem-te-vi de estimação de Renata Sucupira, em Londrina.
Mas se o bem-te-vi canta livre lá no alto, no mundo aqui embaixo, nem tudo é canto, nem tudo é alegria. O dia 61 foi um dia de ressaca para quase todos do nosso grupo de confinados. Não foi ressaca de quem bebeu muito na noite anterior, mas a ressaca do cansaço com a longa quarentena, com os desmandos de um governo sem rumo e com a falta de uma luz no fim do túnel.
A primeira a expressar essa angústia foi Renata, falando especialmente do que acontece em São Paulo. Por ordem do prefeito, a cidade decretou um longo feriado, cujo objetivo é aumentar o percentual de pessoas em casa. O problema é que esqueceram de combinar com os prefeitos das outras cidades da região metropolitana. Uma vez que o trânsito entre as cidades que circundam a capital paulista é intenso, a medida está fadada ao fracasso.

Amaro Filho
Nas palavras dele mesmo, o dia 61 foi um dos mais tristes para Amaro Filho, desde o início de ‘Um Dia de Cada Vez’. As razões são as mesmas, o cansaço com o cotidiano de notícias tristes, pessoas sendo contaminadas, recordes de mortes, a falas cínicas e cruéis de um presidente distante do povo e sem competência para unir e governar.
A tudo isso, no entanto, juntou-se a notícia de que, mais uma vez, uma criança negra foi vítima da violência que a polícia do Rio de Janeiro dedica, com exclusividade a moradores das áreas mais pobres da cidade.

Silvino Ferreira Jr
Parece que eu, Silvino, fui o único a ter um dia com menos razões para me preocupar além do nível normal de preocupações que esse período gera. Na verdade, o cuidado extra agora é com o uso de máscara sempre que sair de casa. Londres começa a viver um clima de que o ‘lockdown’ acabou, mas é aí que mora o perigo. O ideal é não se empolgar, não se precipitar. É isso que tenho procurado fazer.

Maria Porto e Mônica Feijó
Na casa dos Alencar, o baque foi geral. Poucas palavras e ditas em tom melancólico, já denunciavam o cansaço. Compreensível, não é mesmo? Ninguém é de ferro e os altos e baixos são o normal nessa gangorra dos dias de pandemia. Felizmente houve reação, usando o artifício de ocupar-se com tarefas domésticas e profissionais. Teve até tempo para um certo humor, graças ao desejo de Maria Porto, a filha de Mônica Feijó e Alexandre Alencar, de preparar uma massa de pizza em casa. A preguiça falou mais alto.

Renata Sucupira
No plano musical, Renata escolheu o russo Ígor Stravinsky como o compositor do dia, algo que ela vem fazendo rotineiramente, nestes dias de confinamento. Um dos mais importantes nomes da música clássica no século XX, ele foi a companhia ideal para um belo prato que ela preparou para o almoço.
O dia em Londres acabou no Zoom. Eu ainda não havia revelado, mas junto com mais 4 amigos, todos de Recife e Olinda, formamos uma espécie de confraria pernambucana em Londres. Tentamos nos encontrar uma vez por mês, o que nem sempre é possível, para uma cerveja enquanto botamos a conversa em dia. Isso, claro, foi interrompido durante este período.

Renata Sucupira
Uma vez que um dos integrantes do grupo, Edson Rosas, fazia aniversário, eu, Alex Carvalho, Arthur Galamba nos juntamos para uma celebração virtual. Dessa vez, contamos com as participações especiais de Manoella e Jane, esposas de Edson e Alex, respectivamente, além dos filhos dos casais. Um dos participantes habituais, Teno Silva, não pode participar. Um belo dia, que fechamos com um sapateado de Flamenco, lá em Londrina.