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projetos, tédio, luto,
contraluz, música, poesia – dia 45

45 dias, um mês e quinze dias, um mês e meio, você escolhe. Chegamos todos vivos embora aqui e ali um possa cambalear. A realidade não está fácil nem dentro nem fora de casa, mas há dias particularmente mais difíceis de escalar que outros. Este foi um deles. Mesmo assim, abrimos o dia com uma bela imagem produzida por Mônica Feijó, no quarto do casal Alencar.

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Quem esteve lendo notícias e posts nas redes sociais pode ter tido a impressão que o mundo, ou mais precisamente o Brasil, iria acabar. Além das já habituais más notícias que saem de Brasília diariamente, o luto pela morte de pessoas conhecidas e queridas foi como se uma larga sombra encobrisse qualquer sol de esperança.

Como relata Renata Sucupira, a primeira notícia fúnebre foi da morte de Aldir Blanc. Médico, ele ganhou notoriedade como parceiro de João Bosco. Como letrista, ele deixou centenas de composições, algumas delas imortalizadas pelas interpretações de Elis Regina. Foi uma espécie de cronista do nosso tempo. Aldir Blanc, infelizmente, foi mais uma das vítimas do devastador coronavírus.

No mesmo dia, veio a notícia de que o ator Flávio Migliaccio também havia partido. Quem é da minha geração tem a memória marcada pelas atuações dele na série Shazan Serife & Cia, como parceiro de outro grande ator, Paulo José, exibida na primeira metade dos anos 70.

Aos 85 anos, ele decidiu dar um basta, tirando a própria vida e deixando uma carta onde revela sua desesperança na humanidade. Por outro lado, ele faz um apelo que relembrou Pelé na celebração do milésimo gol: ‘cuidem das nossas crianças’.

Alexandre Alencar

Em dia de luto, Alexandre Alencar veio com um desabafo: o enfado que as notícias lhe têm causado, principalmente ao passar pelas redes sociais. Por isso mesmo, ele decidiu dar um tempo, se afastar, como forma de não se deixar contaminar.

Em um momento em que as pessoas não podem é às ruas, estão de mãos amarradas dentro de casa, o protesto via redes sociais, junto com como panelaços, parecem ser os únicos caminhos. Por outro lado, se servem como escape, são, obviamente, frustrantes, porque não produzem, pelo menos aparentemente, resultados efetivos.

Amaro Filho

Quem também produziu uma bela imagem foi Amaro Filho. Com a câmera no contraluz, ele demonstrou o amor que não tem por essa tarefa doméstica que é lavrar pratos. De qualquer forma, além da bela imagem que ele produziu, ficou o apelo: se você tiver uma máquina de lavar prato para doar, ele aceita de braços abertos.

Mônica Feijó

Além de revelar a bela imagem tropical que tem da janela do quarto, Mônica tinha um motivo muito especial para estar feliz: ela e a filha, Maria Porto, iriam encontrar a mãe para uma troca de livros, um intercâmbio cultural que elas fazem em família.

Ela também mostrou uma atividade recente: a adoção de uma mariposa que apareceu com uma das asas quebradas e que ela está tentando ajudar a recuperar. Só esperamos que o cuidado com a mariposa não desperte o ciúme de Vitamina.

Faltando falar sobre o dia em Londres, não é mesmo? Bem, eu, por aqui, aproveitei o vídeo desse dia 45 para mostrar falar de um projeto que tenho tocado desde o início da quarentena. Tenho escrito uma série de poemas seguindo o formato Instagram. Eles são quase uma espécie de ‘diário de quarentena’, em forma de poesia.

Eu havia prometido a mim mesmo que não teria um perfil pessoal no Instagram, mas foi a leitura de um artigo de jornal revelando que o Instagram tem sido muito usado para despertar o interesse de jovens britânicos pela poesia, que me fez mudar de ideia. Por isso não é um Instagram onde predominem as imagens, mas sim as palavras.

Renata Sucupira

Voltando a Londrina, o dia de Renata não foi só de lamentos. Além de uma nova e belíssima orquídea no jardim e a constatação de que o chifre de boi, planta que vem cuidando, está bem vivo, ela viveu momentos de nostalgia. Inspirada pelos figurinos de Amaro Filho, ela decidiu tirar do baú um jaleco de couro que comprou em Pernambuco, e encarnou a cangaceira. Daí para alguns discos de vinil da banda Quinteto Violado e um bom e velho Sivuca, não demorou.

Para finalizar, ela ainda teve um final de dia comemorando virtualmente o aniversário de um grande amigo dos tempos de universidade. Ao final do dia, sobrevivemos todos e partimos agora para o vídeo 46 de ‘Um Dia de Cada Vez’.

 

 

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