stop and search
parar e revistar
Stop and Search é um termo bastante familiar aos negros no Reino Unido.
O mesmo acontece nos Estados Unidos e no Brasil. Especialmente os jovens e mais pobres. Eles são os principais alvos dessa forma de abordagem policial. Parar e Revistar pode ser o fim de linha do jovem que abordado. Embora aconteça no Reino Unido, América do Norte e Brasil, as formas e consequências mudam de país para país. As estatísticas mostram que no Brasil a prática é a mais violenta com consequências trágicas para os negros.

Laurence Ubong, Rogério Correa e Dshay Gayle
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Stop and Search – escrita por um brasileiro
No caso do nosso vídeo, Stop and Search é uma peça escrita pelo brasileiro Rogério Correa, autor teatral. Ela faz parte de um grupo de 7 peças curtas, apresentadas no Theatre503, nos dias 25 e 26 de março de 2018. Rogério foi buscar inspiração em um vídeo disponível no Youtube, de Spartacus Santiago.
O vídeo é uma espécie de manual de sobrevivência para jovem negro no Rio, em tempos de intervenção militar. Em Stop and Search, Rogério criou uma situação onde uma mãe passa pela dor de reconhecer o corpo do filho, morto pela polícia. No ato seguinte, a peça volta no tempo para mostrar como a mãe tentou evitar que o filho saísse naquela noite.

Laurence Ubong Williams
Um dos aspectos mais importantes da texto escrito por Rogério é o fato dele ser dirigido e interpretado por britânicos negros. O interesse demonstrado por eles revela como as questões raciais brasileiras estão deixando de ser um problema doméstico. Mais: o próprio Brasil, cuja tradição foi de sempre negar o racismo, começa a ver-se melhor no espelho. A violência contra o negro, antes vista apenas como um confronto entre polícia e bandido, é denunciada como a face mais perversa do racismo praticado no país, durante séculos.

Leian John-Baptist
Durante a nossa conversa com o diretor e os atores de Stop and Search, duas coisas ficam muito claras: o mundo começa a olhar para o Brasil com outros olhos. Um exemplo é o que diz Leian John-Baptist, diretor da peça, ao confessar que não fazia ideia do que acontece no Brasil.
Integrantes e apoiadores de movimentos como o “Black Lives Matter” (Vidas Negras Importam), iniciado nos EUA, já perceberam que o Brasil também está no mapa da violência contra o negro. O caso mais recente, como citado pelo ator Laurence Ubong Williams, ampliou o alcance dessa denúncia. Peças como Stop and Search são parte dessa nova forma de olhar o racismo no Brasil.

Deshay Gayle e Lyla Abass
A percepção de que este é um tema que deve ser discutido globalmente, também surge nas palavras da atriz Lyla Abass, que interpreta a mãe do menino assassinado pela polícia. Por outro lado, Deshay Gayle, ator que faz o papel do garoto que morre depois de ser parado por policiais, menciona outro tema que está na agenda da luta contra a violência: a facilidade de acesso à armas de fogo no Brasil.
Parte desse movimento acaba de ganhar o mundo através dos estudantes nos EUA, depois do massacre ocorrido na escola em Parkland, na Flórida. Os reduzido número de vítimas de armas de fogo no Reino Unido é um exemplo a ser seguido.

Rogério Correa
O silêncio e a omissão são os maiores aliados de regimes e políticas opressoras. Por isso, cada forma de protesto, cada manifestação, cada denúncia, é uma contribuição para se conquistar justiça e mudanças. Neste caso, mudanças que significam salvar vidas humanas. Vidas de jovens cujo único crime cometido foi nascer com a pele escura. É neste contexto que o nosso vídeo deve ser visto.