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voto feminino na inglaterra

Sufragistas (suffragettes, em inglês), é o termo pelo qual as mulheres do movimento pelo direito do voto feminino na Inglaterra eram denominadas. Elas desempenharam um papel revolucionário na história do país, entre o final do século XIX e as primeiras décadas do século XX. Mas a história da conquista desse direito, que hoje é visto como natural, começa bem antes do surgimento das sufragistas. Na verdade, elas são uma das consequências dessa luta.

as sufragistas

Voltando um pouco no tempo, em 1865, John Stuart Mill fez a sua campanha para o parlamento, com uma plataforma que defendia o voto feminino. Mas a resistência em conceder esse direito era tão grande que a Inglaterra foi ficando para trás. As mulheres da Nova Zelândia, primeiro país a estender o direito de voto feminino, fez isso em 1893, por exemplo. Assim, as posições foram se radicalizando e, com o passar do tempo, o movimento das feministas inglesas mais organizado.

sufragistas

Emmeline Pankhurst discursa em evento da WSPU

Descubra mais:

Bill of Rights – a Declaração dos Direitos na Inglaterra  

Sufragistas se organizam – a criação da WSPU

Em 1903, sob a iniciativa e liderança de Emmeline Pankhurst, foi criada a União Política e Social das Mulheres, cuja sigla em inglês é WSPU (Women Social e Political Union). O principal objetivo era pressionar o parlamento e despertar a opinião pública para o direito do voto feminino.  Juntas, elas criaram formas de arrecadar dinheiro para financiar ações, como a impressão de jornais, panfletos.  Também criaram símbolos, usando cores para identificar aquelas que defendiam a causa.

Três cores foram adotadas: violeta, branco e verde, representando dignidade, pureza e esperança, respectivamente.  Elas organizaram passeatas de protestos, pressionaram parlamentares o primeiro-ministros, criaram jornal, mas nada disso parecia mudar a situação.

Em 1905, em Manchester, por exemplo, uma militante do movimento interrompeu um discurso de Churchill, que já era um nome influente, para cobrar dele uma posição. Para se ter uma ideia do crescimento da campanha, em 1908, 500 mil ativistas fizeram um protesto no Hyde Park.

cores das sufragistas

Cores da Causa das Sufragistas

Novas táticas na luta pelos direitos

Foi Emmeline Pankhurst que tomou a iniciativa pela radicalização nas formas de luta.  A partir de 1909, greves de fome, depredação de patrimônio público e até uso de bombas, passaram a ser usadas como forma de pressão. Entre o final do século XIX e início do século XX muitos ativista russos vieram para a Inglaterra, fugindo das perseguições do regime czarista. Com eles, as sufragistas aprenderam táticas de pressão mais radicais.

emmeline pankhust

Emmeline Pankhurst é presa na frente do Palácio de Buckingham

Como exemplo das novas táticas de pressão das sufragistas está uma tentativa de incendiar a “Coronation Chair”, cadeira usada para a coroação dos monarcas ingleses há mais de 700 anos, na Abadia de Westminster. Embora o plano tenha falhado, isso demonstrava a determinação das sufragistas na defesa do que acreditavam. Elas também explodiram centenas de caixas dos correios pelo país.

O movimento também ficou marcado pela morte de Emily Davison, uma ativista do movimento sufragista. Durante uma tradicional corrida de cavalos, em Epsom, ela foi atropelada por um cavalo. Houve muita especulação sobre o ato, com muitos defendendo a hipótese de suicídio.

Mais tarde, porém, chegou-se à conclusão que a intenção era colocar um cartaz, com mensagem de protesto, em torno do pescoço do cavalo. Também foi revelado que Emily Davison, no mesmo ano da sua morte, 1913, foi a responsável pela explosão de uma bomba na casa que estava sendo construída para o ministro da economia, David Lloyd-George.

feminismo na inglaterra

Da direita para a esquerda: Emmeline, Christabel e Sylvia Pankhurst

Prisão, greve de fome e primeira grande conquista

Emmeline Pankhurst teve 3 meninas e 2 meninos. Entre as filhas, 2 delas, Christabel, Sylvia participaram ativamente do movimento das sufragistas. Todas chegaram a ser presas ao longo da vida. A partir de 1909, elas passaram a usar a tática da greve de fome dentro das prisões. Ao mesmo tempo, denunciavam as condições precárias dos presídios.

O temor de que alguma ativista morresse na prisão era tanto que as autoridades chegavam a forçar a alimentação das grevistas. Durante a sua vida, Emmeline foi presa 7 vezes. Com o passar do tempo, Sylvia, tornou-se ainda mais radical, filiando-se, por exemplo, ao partido comunista, afastando-se cada vez mais das posições políticas da mãe.

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Feminismo hoje – o projeto Conexão Feminista

Não foram apenas as líderes do movimento que, em algum momento, foram presas. Nas duas primeiras décadas do século XX, mais de 1000 sufragistas acabaram atrás das grades. Em 1918, veio a confirmação de que o sacrifício não seria em vão. Nas eleições daquele ano, mulheres com mais de 30 anos e donas de alguma propriedade conquistaram o direito de votar.

A primeira mulher a votar foi Nancy Astor. Era uma vitória parcial. A conquista definitiva viria 10 anos mais tarde, em 1928, quando, finalmente, as mulheres conquistaram os mesmos direitos dos homens, de votar e concorrer a uma cadeira no parlamento.

estátua de emmeline pankhurst

Estátua de Emmeline Pankhurst no Victoria Tower Gardens

Emmeline Pankhurst – morte e legado

O mesmo ano em que todas as mulheres do Reino Unido conquistaram o direito do voto, também foi marcado pela morte de Emmeline Pankhurst. Além da saúde fragilizada por anos de lutas, onde a greve de fome foi uma das suas armas, ela também ficou abalada com o nascimento do neto, filho de Sylvia  Pankhurst, fruto de uma união sem a formalidade do casamento, que para ela era inaceitável.

Ironicamente, no ano da sua morte, ela iria concorrer a uma cadeira no Parlamento pelo Partido Conservador, do qual havia se tornado membro em 1926. Isso deixava ainda mais evidente o quanto ela e  Sylvia, caminhavam em direções opostas, já a filha adotava posições cada vez mais distantes do convencionalmente aceito. Ela morreu no dia 14 de junho, com 69 anos.

O funeral transformou-se em uma demonstração de reconhecimento pelos anos de luta e conquistas. Em 1930, uma estátua de Emmeline Pankhurst foi erguida no Victoria Tower Gardens, bem ao lado do Palácio de Westminster. Mas o legado dela vai muito além de uma estátua em praça pública. O movimento das sufragistas ganhou o mundo e o direito fundamental de se expressar, através do voto, foi sendo conquistado por mulheres de outros países.

Silvino Ferreira Jr. - Editor - Canal Londres

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mikaele
mikaele
4 anos atrás

muito obrigada, por essa entrevista. Pessoas que acham o feminismo “desnecessario” deveriam ler.

pedro
pedro
4 anos atrás
Reply to  mikaele

hj em dia ta desnecessario, no começo n era, mas hj o movimento se perdeu

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