the tropicalia island
fernanda mandagará
The Tropicalia Island no Vault Festival.
Escrita e interpretada pela atriz, diretora e produtora, Fernanda Mandagará, com direção de Ramiro Silveira, a estreia oficial de Tropicalia Island foi um sucesso. Oficial porque antes da versão definitiva, o projeto piloto já havia percorrido alguns palcos. Um exemplo é a apresentação que Fernanda fez em 2016, no Edinburgh Festival.

Fernanda Mandagará
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Tropicalia Island – monólogo coletivo
Dessa vez, voltamos a conversar com a autora e intérprete da peça, mas também produzimos um vídeo mais completo. Embora seja um monólogo, o resultado final é consequência de um trabalho de equipe. O Vaults Festival tem um espetáculo atrás do outro e isso faz com que, terminado uma peça, imediatamente, se inicie a preparação para a próxima.

Ramiro Silveira
Com poucos minutos para deixar o cenário pronto, mostramos como o trabalho, bem coordenado, foi executado. Com o público acomodado em seus assentos, chega a vez de Fernanda Mandagará brilhar no papel de Amanda Ferreira, uma oficial de imigração recebendo imigrantes ávidos por um visto que os permita viver na paradisíaca ilha de Tropicalia.
Comédia para rir e pensar
The Tropicalia Island, como explica Fernanda, em vídeo gravado no The Vaults, é uma comédia inspirada em uma tragédia real, infelizmente. Foi depois do rompimento da barragem que cobriu a cidade de Mariana, em 2016, que nasceu a ideia de Tropicalia Island.

Leanne Shorley, Fernanda Mandagará e Sophie MacArthur
Numa infeliz coincidência, mais uma tragédia voltou a acontecer, em 2019. Dessa vez, em Brumadinho, também em Minas Gerais. Na peça de Fernanda, no entanto, a lama que cobre o planeta é gancho para uma crítica política, usando o humor como arma de denúncia e reflexão.
O roteiro da peça conta que o mundo foi coberto por lama. Só 3 lugares escaparam da grande tragédia: o Pólo Norte, os Himalaias e a ilha de Tropicalia. Imigrantes, na maioria europeus, fugindo da lama, buscam abrigo na ilha ensolarada, onde Amanda, agora, dá as cartas.
Trocando de lado
Uma inversão no papel dos países desenvolvidos, para onde, em geral, correm imigrantes de países pobres. Agora, era a vez deles pedirem abrigo. Também a hora de Amanda mostrar as humilhações pelas quais um imigrante passa nas mãos de oficiais arrogantes e uma burocracia impiedosa. Mas, no caso de Tropicalia Island, com humor.
Monólogo participativo
Outro aspecto de Tropicalia Island é a participação do público, que vai além das gargalhadas. A personagem de Fernanda interage todo tempo com a platéia, onde cada pessoa é um potencial refugiado. Em dois momentos da peça ela leva alguém da platéia para a linha de frente. É a hora de preencher um dos inúmeros formulários que permitem a entrada de estrangeiros na ilha. Qualquer relação com a realidade não é mera coincidência.
Embora seja um monólogo, onde Fernanda dança, dubla, brinca, fala sério, interage, a versão final de Tropicalia Island foi enriquecida pela participação de duas atrizes inglesas, Leanne Shorley e Sophie MacArthur, que fazem o papel de “escravas brancas” de Amanda Ferreira. Fernanda ainda destaca o trabalho de Carla Tosta, na produção e fazendo algumas aparições durante a peça. A participação especial do público não poderia ser diferente: gritos, risos, gargalhadas, aplausos.
Nasce uma produtora
E a revelação final: a estréia de The Tropicalia Island também marca uma nova iniciativa de Fernanda Mandagará e Ramiro Silveira: o lançamento da produtora de teatro cujo nome não podia ser outro: Tropicalia Company. Ambos já tinham produtoras no Brasil e estão trazendo a experiência para Londres. Com isso, ganha o teatro brasileiro como um todo. Vida longa a Tropicalia Company!