um dia com muitos adjetivos
e um substantivo – dia 63

Aqui e ali, durante este dias de quarentena, e olhe que já são mais de dois meses!, a gente reserva uma outra palavra para expressar indignação, revolta, inconformismo com as pessoas que, em tese, deveriam cuidar da proteção da população, especialmente dos mais vulneráveis. Aí, vem a público a gravação de uma reunião ministerial e o que se vê é que, para o atual governo, proteger a população é vender mais armas.

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Sem uma palavra que consiga sintetizar toda a sua indignação, Amaro Filho resolveu expressar o que sente através de uma lista de adjetivos nada elogiosos. Muito pelo contrário, era como se ele fosse descendo o fundo de um poço tentando encontrar a palavra, o adjetivo, que dissesse tudo.

Amaro Filho

Mas o poço parece sem fim, este é um governo que consegue se superar indo cada vez mais baixo, que mergulha em excrescências e já nem sente o odor da podridão que produz. Amaro fala por todos nós. Cada um que escolha o adjetivo que melhor convém para definir o que aquela gravação revela.

Renata Sucupira

Em Londrina, embora com menos adjetivos, a indignação de Renata Sucupira também ganhou voz. Ela cita, como exemplo do compromisso do governo federal com a saúde e proteção dos brasileiros, o fato da posição número 2 no Ministério da Saúde ser ocupada por um advogado criminalista. Se isso já soaria estranho em tempos normais, em tempos de pandemia soa como surreal.

Mônica Feijó

Por tudo isso é que nem mesmo um dia de sol, como aconteceu em Recife, nesse dia 63, afasta a tristeza pelo que vem acontecendo. Foi esse misto de alegria pelo sol e preocupação pelo que vem acontecendo no Brasil que você pode sentir nas palavras de Mônica Feijó.

Saindo dos adjetivos e indo para um substantivo, em Londres, o dia 63 foi reservado à palavra solidariedade. Todo mundo sabe o quanto este período de epidemia tem sido difícil para qualquer pessoa que dependa do salário para se manter. Para quem é autônomo, a mesma coisa. No caso dos artistas, a situação também está longe de ser confortável, a não ser para um pequeno número deles.

Nesta hora, criatividade e a solidariedade precisam andar juntas. Annabel Tilley, artista plástica e uma das melhores amigas da Susan Ferreira, tem trabalhado num projeto que se chama “Artista’s Pledge’, que consiste em, através da venda de trabalhos de diversos artistas, criar um fundo que gere uma renda mínima para aqueles que não estão conseguindo trabalhar. Um exemplo são os artistas que dão aulas, uma vez que as escolas estão fechadas. Em nosso vídeo, ficamos felizes ao receber uma peça que compramos, como forma de colaborar.

Maria Porto

Outro momento de solidariedade, que acontece diariamente, na verdade, foi registrado na casa da família Alencar. Juntos, mesmo antes do início oficial da quarentena, os três, Alexandre Alencar, Mônica Feijó e Maria Porto, têm dado exemplo de como uma família unida faz a diferença em momentos difíceis.

Em Londrina, Renata também trouxe um exemplo de como a solidariedade está levando os amigos a buscar a saídas para o que parece não ter saída. A partir de um grupo no WhatsApp, vários amigos começaram a discutir, com mais seriedade, a busca de uma solução alternativa: um lugar onde eles possam criar uma Ecovila e possam viver de forma mais harmoniosa e auto-sustentável.

Renata Sucupira

E a nossa série tem dado o que falar. Dessa vez, ganhamos destaque no Jornal do Commercio, o JC, principal diário de notícias de Pernambuco. A matéria faz um resumo da motivação da ideia, nascida com Alexandre Alencar, a produção e exibição pelo Canal Londres e os efeitos que o encontro virtual tem tido sobre cada um dos participantes. Talvez, mais uma vez, caiba aí esse belo substantivo: solidariedade. Para fechar o dia, um momento de arte em forma de dança.